O Simbolismo
Segundo Von Hammer, de acordo com suas descobertas, os ídolos Templários
se tratavam de degenerações de ídolos gnósticos valentinianos, sendo
que, de todos eles, o mais imponente formava uma estranha figura de um
homem velho e barbudo, de solene aspecto faraônico. Um traço bem
marcante de todas as figuras era a forte presença de caracteres de
hermafroditismo ou androginia, traços que, ainda de acordo com a
descrição de Von Hammer, endossariam cabalmente as acusações de
perversão movidas pelo clero contra os Templários. Desta descrição
aparece outra referência que muito diz sobre o mistério que cerca o nome
Baphomet: ela aponta para a imagem de um "homem velho", o qual seria
adorado pelos Templários. Este "homem velho" possuía as mesmas
características de Priapus, aquele criado "antes que tudo existisse".
Contudo, a mesma imagem, por vezes aparecendo com armas cruzadas sobre o
peito, sugere proximidade com o Deus egípcio Osíris, havendo até quem
afirme ser Osíris o verdadeiro Baphomet dos Templários.
Seguindo a mesma lógica e pensamento de que o vocábulo Baphomet teria
vindo da Grécia Antiga, também existe a hipótese de que sua procedência
esteja na conjunção das palavras "Baphe" e "Metros", algo como "Batismo
da Mãe". Por sua vez, a partir deste raciocínio, surge uma outra
proposição poucas vezes mencionada nos estudos sobre Baphomet, a qual
aponta ser "Baphe" e "Metros" uma corruptela de Behemot, um fantástico
ser bíblico de origens hebréias. Esta teoria é importante, visto Behemot
ser citado (e por vezes traduzido) como uma grande fêmea de Hipopótamo
que habitava as águas do rio Nilo, sendo uma das representações da
"Grande Mãe", esposa do Deus Seth.
Na concepção egípcia dos Deuses, a fêmea do Hipopótamo faz uma espécie
de contra-parte do Crocodilo (Typhon), da mesma forma pela qual existem
os bíblicos Behemot e Leviathan.
De acordo com o pesquisador Raspe, outra definição que ganha
importância, principalmente na abordagem dos cultos que atualmente são
rendidos a Baphomet, mostra o suposto ídolo dos Templários como uma
fórmula oriunda das doutrinas Gnósticas de Basilides. Neste sentido as
palavras anteriormente apresentadas, que originaram o termo Baphomet,
seriam "Baphe" e "Metios". Assim, teríamos a expressão "Tintura de
Sabedoria", ou o já apresentado "Batismo de Sabedoria", como o
significado de Baphomet.
Considerando que a palavra Baphomet possua raízes árabes, especula-se
também que ela seja a corruptela de Abufihamat (ou ainda Bufihimat, como
pronunciado na Espanha), expressão moura para "Pai do Entendimento" ou
"Cabeça do Conhecimento". Se nos lembrarmos das acusações movidas contra
os Templários, de que eles adoravam uma "Cabeça", veremos nesta
hipótese algo plausível de ser aceito. Apesar de todas as alusões até
aqui feitas, a figura de Baphomet que se tornou mais famosa, servindo de
principal referência para os ocultistas atuais, é mesmo aquela cunhada
no século 19 pelo Abade Alfonse Louis Constant, mais conhecido pelo nome
Eliphas Levi Zahed, ou simplesmente Eliphas Levi.
De acordo com a descrição do Abade, publicada pela primeira vez em 1854, a imagem de Baphomet, o Bode de Mendes ou ainda o Bode do
Sabbath, é feita do seguinte modo: "Figura panteística e mágica do
absoluto. O facho colocado entre os dois chifres representa a
inteligência equilibrante do ternário; a cabeça de bode, cabeça
sintética, que reúne alguns caracteres do cão, do touro e do burro,
representa a responsabilidade só da matéria e a expiação, nos corpos,
dos pecados corporais. As mãos são humanas para mostrar a santidade do
trabalho; fazem o sinal do esoterismo em cima e em baixo, para
recomendar o mistério aos iniciados e mostram dois crescentes lunares,
um branco que está em cima, o outro preto que está em baixo, para
explicar as relações do bem e do mal, da misericórdia e da justiça. A
parte baixa do corpo está coberta, imagem dos mistérios da geração
universal, expressa somente pelo símbolo do caduceu.
O ventre do bode é escamado e deve ser colorido em verde; o semicírculo
que está em cima deve ser azul; as pernas, que sobem até o peito devem
ser de diversas cores. O bode tem peito de mulher e, assim só traz da
humanidade os sinais da maternidade e do trabalho, isto é, os sinais
redentores. Na sua fronte e em baixo do facho, vemos o signo do
microcosmo ou pentagrama de ponta para cima, símbolo da inteligência
humana, que colocado assim, em baixo do facho, faz da chama deste uma
imagem da revelação divina.
Este panteus deve ter por assento um cubo, e para estrado quer uma bola
só, quer uma bola e um escabelo triangular." Devido à eficiência de sua
ideação, Levi propositalmente faz com que se acredite que exatamente
essa forma de Baphomet era a presente na celebração dos Antigos
Mistérios.
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