Mestre CatimboZéiro Zé Pelintra nos
terreiros umbandistas. Zé Pelintra e uma entidade muito conhecida no Nordeste
do pais, e uma entidade conhecida, popularmente, como sendo um malandro, o
sentido da palavra malandro se referindo a Zé Pelintra e o mesmo que bon
vivat, boêmio, ele não é malandro só por que faz malandragens, mas também
por que a sua “vida” é vivida de forma malandra (festas, bares, mulheres etc.).
Há de se considerar também que o sentido da palavra malandro hoje não é
o mesmo que do século passado muda-se a sociedade, mudam- se os cidadãos. Seu Zé,
como é chamado pelos íntimos, era nordestino, alguns diZém ser do Ceara (...
ele vem de longe, vem do Ceara, ele é Zé pelintra, chegou para trabalhar... ),
outros Alagoas (... quando vir de Alagoas, toma cuidado com o balanço da
canoa...), de família pobre conheceu bem cedo as pilantragens para prover a sua
subsistência, conheceu de perto a vida das periferias, sofreu a discriminação
por ser migrante, de tão bonito que era se envolveu com muitas mulheres, após
seu desencarne deixou criado um estereotipo que serviu de inspiração para
Walter Elias Disney criar o personagem Zé Carioca que , só de longe, lembra Zé
Pelintra.
Seu
Zé é uma figura antiga no Catimbó, porém, a linha da malandragem como temos na
Umbanda não, talvez por ela ser uma falange que nasceu na Umbanda, ou seja, é
recente.
Enquanto
no Catimbó e conhecido somente Zé Pelintra na Umbanda já se conhecem varias
entidades que assim se identificam (Zé Pelintra Advogado, Zé Pelintra da
Estrada, Zé Pelintra do Bar, Zé Pelintra da Ecruzilhada, Zé Pelintra do Morro, etc.),
junto dos homens vem também as mulheres conhecidas como Malandras (Maria
Navalha, Maria Sete Léguas, Maria do Pente Fino, Maria Rosa Navalha etc ) vem
as jovens conhecidas como Malandrinhas (Malandrinha da Rosa, Malandrinha do
Morro Alto, etc.) como também os jovens conhecidos como Malandrinhos. Se
referindo aos Malandrinhos e as Malandrinhas ha de se saber que O Malandrinho é
uma das Entidades mais novas nos Terreiros de Umbanda. A origem desta falange
está associada, como se disse, aos ‘discípulos’ de Zé Pelintra, no entanto, ele
(o Malandrinho) nada tem a ver com Zé Pelintra, a não ser algumas semelhanças
tais como: gosto pela boemia, os jogos, as mulheres (que tratam como rainhas) e
a sabedoria de lidar com os problemas da vida e como sair deles. As Entidades
que compõe esta falange são na sua maioria, espíritos que viveram na sua última
encarnação, situações de abandono familiar, e, não tendo como sobreviverem, fizeram
da rua, a sua morada, nela aprenderam a sobreviver e a se proteger. Alguns se
tornaram ‘experts’ em jogos de azar como baralho, dados, ‘porrinha’ etc. Outros
trabalharam em Cabarés, onde eram muito paparicados pelas ‘meninas’, que eles
defendiam com unhas e dentes. E tem ainda aqueles que se tornaram ‘contadores
de estórias’. Em troca de algumas doses de bebidas, cigarros e alguns trocados,
contavam casos que tiravam da sua própria imaginação ou ainda situações que
viveram.
Malandrinho
é uma Entidade alegre, extrovertida, defensor dos mais fracos e principalmente
dos desregrados. À esses, ensina que malandragem não é vadiagem. E sim, a arte
de saber viver com ética e responsabilidade: O que se faz, deve fazer bem
feito, caso contrário, vai pagar pelo erro. Não gosta de enganar as pessoas de
bom coração. Mas com aquelas que se julgam muito espertas, ele ta sempre dando
uma ‘rasteira’.
Gosta
de ouvir os problemas das pessoas que o procuram. Apesar de sua aparência
jocosa, está sempre voltado à prática da caridade e da evolução espiritual de
seus médiuns. Em suas incorporações gosta de roupas leves e sem formalidades.
As camisas estão sempre pra fora da calça. Se usar gravata, vai estar sempre
com o nó afrouxado. Ou seja: ele gosta de se sentir livre para dançar e cantar
em suas incorporações. As cores das roupas são sempre em tons fortes ou
estampadas. Sua bebida geralmente é a cachaça. Mas vemos em alguns Terreiros de
Umbanda, Malandrinho bebendo cerveja ou batidas de limão (limãozinho).
Geralmente está sempre descalço, pois gosta de sentir o chão que pisa. Em
geral, todas estas entidades a exemplo do Patrono, tiveram em sua existência
alguma forma de contato com a vida dos morros, da periferia, ou talvez passaram
por situações que se assemelham ou tenham ligações com essas situações, outros não
passaram por similares mas escolheram essa linha de trabalho por se simpatizarem
com ela. Não se deve, nunca, confundir as falanges de trabalho de São Cipriano
com a falange dos Malandros e Malandras, a linha de São Cipriano e uma linha de
direita enquanto a dos Malandros já é de esquerda, o que acontece e que em
muitas casas a entidade Zé Pelintra, exímio representante dessa linha, e
evocado em trabalhos liderados por entidades de energia diferentes promovendo
assim aquilo que se chama de Cruzamento de linhas, porém, quando isso ocorre as
energias presentes não perdem sua autonomia, somente unem forças com uma
finalidade ( A B AB). Sendo uma linha de esquerda os Malandros são invocados em
casos ligados as nossas necessidades físicas e materiais. Problemas amorosos,
financeiros, empregos, causas judiciais, familiares, ou somente uma conversa
amiga são motivos e causas levados constantemente a essas entidades. Por possuírem
uma energia muito ligada a matéria suas comidas oferecidas em Giras são em sua
maioria pratos consumidos em bares e botequins. Assim pode-se oferecer quitutes
como salgados, salaminhos, bacon, jiló empanado frito, sardinha frita, farofa
com linguiça, carne seca assada na brasa ou frita, etc. As bebidas poderão ser
cachaça, cerveja e em alguns casos licores.
Como
todas as outras entidades da Umbanda os Malandros podem pedir aos seus médiuns
e consulentes alguns objetos (chapéus, cachimbos, bengalas, navalhas, cigarros,
perfumes, etc.) desde que tenha um porque e não acabe se tornando uma forma de mistificação
esses objetos podem ser usados pelas entidades em seus trabalhos quando
manifestados.
A
mensagem trazida pelos Malandros e pelas Malandras as Casas Umbandistas e a do equilíbrio,
tudo em todas as existências deve ser equilibrado. Não é problema ir a festas,
bares nem sequer também fazer uso de bebidas alcoólicas, o problema está na
maneira como se frequenta ou se usa e as consequências dos mesmos. Muitos dos
problemas da maioria dos consulentes dessas entidades são resultado de uma vida
desregrada e sem limites onde o desequilíbrio marca e causa o mal não só para a
pessoa em si como também para os que estão ao seu redor. Tudo, a todos, e
permitido, porem, nem tudo convêm.